Os Príncipes Sociais
Li um artigo, tempos atrás, com este título ou algo parecido com isso. Gostei muito, mas não consigo mais encontrar o texto pelo Google. Então me resta escrever um pouco sobre o tema e compartilhar a opinião não sei de quem que resolvi perfilhar.
Tenho 49 anos e acho que minha geração tem uma característica marcante: A grande maioria foi criada dentro de um regime bastante rígido. Vivemos boa parte de nossas infâncias sob a ditadura militar e o volume de regras a seguir eram muitas. Eu estudei em colégio militar, mas ai a história já é outra...
Cobranças aos montes, limites e pressões da escola e da família. Era um modelo de sociedade diferente que ainda que tenha vivido os movimentos libertários da revolução sexual e psicodélica, o Tropicalismo com seu “ é proibido proibir , não refletia, na prática, esse tipo de filosofia, ainda mais nas escolas que costumam ser alicerces do conservadorismo social.
Mais tarde, já na segunda metade dos anos oitenta, houve uma certa ampliação das liberdades e um número significativo de concessões à juventude que a essa altura já desfrutava de certa autonomia em função da idade.
Agora abordando a questão: Quando nos transformamos em país (estou de forma prepotente e ilusória querendo representar uma maioria) decidimos por uma educação libertadora, sem castigos e com o menor número de imposições e cerceamentos. Não sei em que grau isso acabou criando um conjunto expressivo de príncipes e princesas sociais. Jovens que acabaram não sofrendo e por isso assimilando maiores dificuldades e limitações ao longo da vida. Quiçá são mais felizes, menos ansiosos ou paranoicos com o futuro. Estudaram em escolas do tipo libertárias, com a teoria educacional (bem fundamentada cientificamente) de que a repetência não traz benefício e a completa, exclusiva (e injusta) responsabilização da escola e do professor pelo fracasso escolar. Some-se a isso um grande menu de
atrativos como essas redes sociais que estamos aqui nos valendo e que na verdade é o maior sorvedouro de tempo que já vi em minha vida. Passam-se horas em um nível de concentração de um esquilo. Não mais do que três segundos para cada imagem ou mensagem. E sem querem ofender a ninguém, é mais fácil encontrar algo que preste no Faustão ou no Silvio Santos. A capacidade de ler fica muito comprometida em um processo desses, afinal a leitura é mensagem em um canal e o quarto do jovem é um templo de milhares de estímulos simultâneos e sedutores. Esses príncipes não estão acostumados a ouvirem a palavra não e muitos não tiveram de fazer qualquer tipo de renúncia para atingir patamares de conforto e de prazer que a sociedade tão bem oferece. Sei que estou generalizando e sendo injusto por isso. Percebo que o texto tem um “quê “ de reacionarismo. Enfim aqui temos apenas uma opinião de alguém que vive a inquietação de perceber que a garotada faz planos de morar com os pais indefinidamente, enquanto quando éramos jovens, sonhávamos com o momento de sair de casa. Eles não se importam se os outros fizerem as coisas para eles e nós vivíamos uma sede de autonomia. Enfim, a vida é um grande improviso e filho não vem com manual de instruções. E é isso que torna essa perigosa experiência tão importante na vida dos viventes. É verdade que a gente tende a achar os tempos mais remotos, sempre mais duros e sob certo aspecto mais valiosos. Mas fico ansioso em ver um certo, talvez apenas aparente, “descanso” entres muitos jovens do meu país em um mundo ultra competitivo. Aliás, muito mais do que o nosso foi um dia... Quando eu me formei, quem tinha curso superior em uma boa universidade e tinha fluência em outro idioma estava bem acima da média. Quem lia autores como Hesse, Camus ou Sartre era admirado. Hoje isso é bem menos do que o mínimo.
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