De uma lista de 57 países, o Brasil é um dos piores em ciências, na 52ª posição. Com o ensino do jeito que é, as chances de mudança são mínimas – ou nenhuma. São os próprios estudantes que escancaram as raízes do problema, em pesquisa realizada pela OCDE e agora analisada pelo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, autor do livro O Ensino das Ciências no Brasil e o Pisa. Alguns números evidenciam a falta de apreço dos alunos – uma amostra de 400 000 deles vindos de escolas públicas e particulares – pelos temas científicos.
- 79% dizem que a física não lhes deperta grandes interesses, avaliação parecida à que têm da química, da geologia e da astronomia.
- Algo como 30% não gostam, e por vezes até “odeiam”, ter contato com questões científicas.
Esse repúdio às ciências se reflete num quadro de ignorância desolador, segundo mostra a pesquisa da OCDE, com rara riqueza de detalhes. Para se ter uma ideia, a esmagadora maioria dos estudantes na faixa de seus 15 anos não entendem bem a função dos antibióticos ou o que desencadeia um terremoto. Mais básico ainda, desconhecem o fato de a Terra girar em torno do Sol e o significado da camada de ozônio. É impressionante – e remete a um nó difícil de ser desatado. O nível dos professores de ciências no país é, em geral, muito baixo: 70% daqueles que trabalham em escola pública sequer têm especialização na área. Mesmo quem tem o diploma costuma apresentar deficiências elementares. Eles já chegam à universidade com uma base científica frágil – e de lá saem sem tê-la solidificado como deveriam.
Sem mudar o cenário, o Brasil continuará a responder por minguados 0,2% dos pedidos internacionais de patentes e permanecerá em 43º lugar num ranking que mede o desenvolvimento tecnológico em 72 países. Um vexame.
Fonte: Veja 40 anos