Sábado Abril 20 , 2024
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IDEB 2015

Atendendo à pedidos, algumas linhas sobre o IDEB 2015.

1 – O IDEB é composto de dois vetores: Fluxo escolar, ou seja, percentual de alunos aprovados conjugado com a nota na Prova Brasil. Ou seja, o que estamos vendo agora é quantos alunos passaram de ano multiplicado pelas notas da prova nacional que aconteceu em novembro de 2015. Em outras palavras: muita aprovação com baixa aprendizagem dá IDEB baixo. Em sentido contrário também.

Ainda que seja melhor ter um indicador educacional do que ter nenhum, ele não é perfeitamente adequado para comparar escolas ou redes. São várias as razões. Primeiro que a repetência, o abandono e a evasão ocorrem por fatores que vão além da aprendizagem em sala de aula. Clima escolar, organização familiar, valorização do conhecimento pela sociedade, são alguns exemplos que vão além. Segundo que o IDEB não considera fatores socioeconômicos e a origem social do aluno é, infelizmente, um fator altamente determinante. É um pouco mais seguro comparar a evolução do indicador, ou seja, a escola com ela mesma em anos anteriores, tentando, ao mesmo tempo, isolar parte das variáveis externas.

2 – As redes que premiam alunos e/ou professores apresentam, em sua imensa maioria, melhor desempenho. Um dos fatores que devemos levar em consideração é muito simples: A Prova Brasil não vale nota. O que não vale nota para o estudante, comumente, não vale nada. O aluno se depara com uma prova que vai lhe exigir horas de esforço, cálculo dedutivo, leitura e raciocínio, sabendo que ele pode simplesmente esperar o tempo passar e ir embora marcando qualquer coisa....

3 – As redes que possuem sistemas próprios de avaliação costumam melhorar seu desempenho. Primeiro porque é possível diagnosticar os alunos no decorrer do ano e propor intervenções. Depois, porque os estudantes (treinam) aprendem a fazer este tipo de prova e desenvolvem melhores habilidades específicas com as questões de múltipla escolha. As secretarias de educação que acompanham a matéria que está sendo dada em sala de aula e “estimula” o professor a seguir o mapa das habilidades e competências que “vão cair” na Prova Brasil levam franca vantagem.

4 – Os anos iniciais do Ensino Fundamental (antigo primário) apresentam maior crescimento do que os anos finais (antigo ginásio) por quatro razões essenciais: a) professores deste segmento são, hoje, melhor qualificados comparativamente com os do passado, onde grande parte tinha apenas o ensino médio; b) as metas neste segmento são mais claras (domínio da leitura, escrita e as operações matemáticas básicas); c) aumento da matrícula na educação infantil que serve de base (ainda falta muito para universalizar); d) um maior controle atitudinal dos alunos mais jovens (eles ainda obedecem).

5 – É preciso mais verbas para a educação? Creio que sim. No entanto, é fundamental melhorar a QUALIDADE do gasto público neste setor. Alguns exemplos: A educação é frequentemente aprisionada por grupos de poder. Os chefes do executivo e os secretários das atividades meio (governo, fazenda e planejamento) costumam enxergar o setor como uma fonte de recursos a serem gastos em benefício de seus próprios projetos de poder. No legislativo é comum se enxergar a escola como um lugar para empregar pessoas ou para requisitar servidores para ficarem à disposição dos gabinetes. As organizações corporativas, por seu turno, não raras vezes, estão atreladas a partidos políticos e tentam aprisionar a escola num discurso de suposta isenção de propósitos.

 

6 – O professor precisa ter um salário regional bem maior (melhorar numa cidade só faz trazer profissionais de outros municípios que nem sempre resolvem mudar de endereço), uma jornada de 40 horas e, se possível, uma matrícula e uma única lotação numa única escola. Três empregos enlouquecem qualquer pessoa! Este salário (bem) melhor aumentará o ponto de corte do ENEM e fará optar pela carreira um número maior de pessoas que já vêm de um histórico de sucesso acadêmico. Fora isto, é fundamental fazer com que os cursos de licenciatura estejam voltados para formarem professores e não simplesmente bacharéis. E para tanto, é necessário muito mais prática pedagógica em modelo de “residência pedagógica”, além de um curso onde o professor tenha uma experiência de aprendizagem do mesmo nível que esperamos que ele ofereça depois de formado.

7 – Educação integral não pode ser mero discurso político. O programa federal Mais Educação é bem-intencionado, mas tem erros de concepção básicos tais como trabalhar com monitores ganhando um salário simbólico. Nada dá certo em políticas públicas com uma premissa que abandona o profissionalismo de seus protagonistas.

8 – Sim, é necessário pensar no básico em educação (uniforme, merenda, transporte, mobiliário, etc.…). É muito importante, também, que a escola desenvolva a cultura, as artes, a formação esportiva e seja um espaço de socialização. O que não pode ficar para terceiro plano é o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Há muito mais mobilização em torno de temas (importantes, repito) como a qualidade da merenda, do que diante do fato de termos um grupo de alunos com 90% de repetência em matemática. A sociedade simplesmente não se escandaliza com um contingente enorme de alunos no nono ano sem saber escrever um bilhete. Há uma sensação de que se a escola for um bom centro de convivência, aonde tudo funciona (o que já é raro) mas ninguém aprende, está tudo correndo bem.

9 – Você acredita que a escola pública era muito melhor no passado porque a camada popular estava excluída da mesma. É uma ilusão, lamento lhe desiludir. A educação pública na década de setenta servia, quase exclusivamente, à classe média. A universalização da educação fundamental aconteceu nos anos 90.

10 – Sobre o Ensino Médio. O assunto merece um texto bem maior. Vamos ficar por aqui. Há algumas propostas sobre este tema no meu site.



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