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Altas expectativas!

Por Cláudio Mendonça em 22/10/2009

O ano letivo, nas quase duzentas mil escolas em todo o Brasil, vai chegando à sua etapa final. Em cada sala de aula, 53 milhões de crianças e jovens compartilham uma história de superação de dificuldades, construção coletiva de saberes e desenvolvimento pessoal. Nosso país ostenta enormes contrastes no setor educacional. Se possuímos escolas com enormes indicadores de fracasso escolar temos, por outro lado, diversas unidades públicas e privadas com indicadores muito acima da média da América do Sul. No estado do Rio de Janeiro, por seu turno, temos municípios onde as médias de desempenho dos alunos do 9º ano no Prova Brasil consegue ser inferior aos do 5º em outras cidades. Qualquer pessoa que conviva ou já conviveu com crianças de 10 e de 14 anos percebe o quanto isso é grave. Os gastos por aluno chegam a ser dez vezes superiores em uma rede em comparação a outra, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional e, mais uma vez, os resultados muito desproporcionais a estes investimentos. Destinar mais dinheiro à educação deve ser precedido de gastar melhor os recursos já destinados ao setor. Não raras vezes os projetos são fragmentados, não tem foco na aprendizagem dos alunos, poucos se baseiam em indicadores e menos ainda possuem estruturas de monitoramento e avaliação. Ao final do ano em poucos lugares temos a certeza de que as ações de formação continuada dos professores proporcionaram a mudança esperada em sala de aula, o reforço escolar trouxe efetivos ganhos de aprendizagem, ou se o livro didático foi utilizado de maneira plena.

Nesta etapa do ano letivo precisam ser coletados os dados e preparadas as atividades de reflexão e planejamento para o ano vindouro. É, também, o momento em que as famílias começam a se voltar sobre a eventual decisão de optar por uma mudança na escola de seus filhos, mas mais importante do que isso, é o de refletir se houve um efetivo engajamento na missão educacional. Temos de fazer nossos filhos verem que a educação é o único caminho possível de mobilidade social e esta exige muito esforço. É desejável que nossas crianças e jovens possuam altas expectativas em relação a seu futuro, mas saibam também que não existem atalhos. Muitos deles acreditam que poderão atingir o patamar social de que sonham sendo jogadores de futebol ou artistas. É como planejar o futuro contanto com ganhar na loteria.

Pouquíssimos seres humanos em todo o mundo alcançaram a mobilidade social como artistas ou astros do esporte, mesmo assim, estes além de talento dedicaram um imenso investimento em treinos, viveram muitas privações e renúncias. Nossa sociedade, por outro lado, esta alicerçada em pessoas que decidiram enfrentar os desafios da escola, realizar muitas centenas de horas de exercícios, leituras, pesquisas e produção textual. São os homens e mulheres que decidiram tomar as rédeas de seu próprio futuro e recusar o destino que lhes foi traçado no momento de seu nascimento. Eu me refiro aos milhões de seres humanos das camadas populares que construíram seu futuro através da educação, com o apoio de professores, além de pais e mães que se comprometeram em ajudar a construir um futuro melhor para seus filhos. Não existem desculpas ou explicações que justifiquem o fracasso escolar. Nenhuma delas é suficiente para absolver o fato de se negar futuro a um jovem que sonha com um emprego de carteira assinada, uma carreira, constituir família e dar sua contribuição para a ciência, a cultura ou a justiça social. O governo precisa fazer a sua parte, temos certeza disso, mas a responsabilidade e a exigência de uma escola de qualidade tem de ser de todos nós.

*Cláudio Mendonça foi chefe de Gabinete Parlamentar na Assembléia Nacional Constituinte (1988); Secretário Municipal de Fazenda e Administração (Resende, 1989-92); Secretário de Estado e Presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro (1994); Coordenador das áreas de Fazenda e Administração do Estado do Rio de Janeiro (1999-2002); Consultor do Banco Mundial (2002); Presidente do Instituto Brasileiro de Educação e Políticas Públicas – IBEPP (2002), Presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro – FAETEC (2003); Secretário de Estado de Educação do Rio de Janeiro (2004-2006); Membro do Conselho de Análise Econômicas e Sociais do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ – 2008); Presidente da Fundação Escola de Serviço Público FESP-RJ (2007/2009); Presidente Interino da Fundação Centro de Informação e Dados do Rio de Janeiro – CIDE (2008/2009); Em outubro de 2008 foi designado Conselheiro Titular do Conselho Estratégico de Informações da Cidade, do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP; Em abril de 2009 passou a presidir a Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro – CEPERJ. Em 01 de maio de 2009 foi nomeado como membro do Conselho Consultivo Municipal da Prefeitura de Niterói. Atualmente é Subsecretário de Estado da Subsecretaria de Capacitação de Pessoal da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG). Autor dos Livros: “Solidariedade do Conhecimento” e “Você Pode Fazer a Reforma Educacional”.

Fonte: Debates Culturais



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